Para especialista, a colaboração para a transformação digital é melhor do que a competição entre as empresas

Foto: Reprodução

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O varejo, como a gente conhecia, muito baseado no ponto comercial e no fluxo das pessoas, vem se transformando há algum tempo numa velocidade incrível com os avanços tecnológicos e os meios digitais. A observação é de Gustavo Carrer, head de desenvolvimento de negócios Gunnebo Brasil e editor do portal varejoemdia.com, convidado desta quarta-feira (10) da Academia do Associativismo, para falar sobre como criar um ambiente de cooperação para acelerar a transformação digital.

“É um movimento inevitável, que já acontece em maior ou menor proporção, dependendo do segmento. As lojas se transformaram em ambientes de experiência e hospitalidade”, aponta ele. As pessoas não precisam mais ir até a loja para comprar, ela se tornou um espaço de mídia, onde o cliente vai apenas para ter contato com o produto antes de comprá-lo. Ou seja, o ponto físico passa, também, a ter o papel de reforçar a marca.

As lojas, segundo ele, se transformaram ainda em espaços de exposição de produtos, centros de distribuição para vendas digitais e num espaço de experimentação, onde as pessoas vão para interagir entre si e com os vendedores, na busca de mais informações sobre o produto que deseja. Elas ainda podem ser um centro de serviços ou uma fábrica. Algumas já oferecem parte da customização e conserto de roupas e calçados ou de finalização do processo de produção do bem que está sendo comercializado.

Essas mudanças trazem a necessidade de discutir a transformação digital dentro das empresas e de se pensar em ambientes de cooperação para isso. Essa colaboração, segundo ele, se divide em três categorias. A primeira delas, é o varejista, que deseja gerar tráfego – seja na loja física, site ou app -, elevar a taxa de conversão de vendas, conquistar a fidelidade dos clientes e melhorar a margem de lucro. “São grandes desafios. Mas para que eles consigam tudo isso, vão necessariamente precisar de tecnologia e inovação. Mantendo o que vem fazendo sempre, será possível no máximo repetir resultados. A tendência é ficar cada dia mais para trás e perder mais espaço”, afirma Carrer.

As startups e os empreendedores digitais são o segundo pilar do processo de cooperação. Eles desejam acessar mercados e clientes, validar soluções e escalar operações. Para isso, precisam de uma boa estrutura de marketing, capilaridade – para atender o cliente onde for necessário – e investimentos mais consistentes. “Se não se tem uma marca conhecida, é preciso conquistar sua credibilidade. O varejista ainda é muito conservador, e entre comprar de uma empresa que já conhece e uma startup, ele vai optar pela primeira, mesmo que a solução dela não seja eficaz”, completa.

Por fim, os grandes players de tecnologia encerram a lista. Entre os desejos das empresas já estabilizadas, está a criação e a liderança de novas tecnologias, a redução dos custos de pesquisa e desenvolvimento e a manutenção da usa posição no mercado. Para isso, elas precisam acelerar seu processo de inovação e das respostas mais rápidas aos clientes.

Dentro desse cenário, continua, é o cliente quem define as regras do jogo e às vezes é necessária a união de diversos atores para que as soluções sejam as melhores possíveis para o consumidor. “As fronteiras dos negócios sumiram e colaborar é melhor do que competir, falando em competição da maneira mais ampla possível. Quando a gente encaixa o fornecedor e o varejista na visão de parceria, o negócio muda de forma incrível”, finaliza.
Fonte: CACB