Fundação Getúlio Vargas: Incerteza é o ‘novo normal’ da economia brasileira

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Resultados preliminares do indicador da Fundação Getulio Vargas (FGV) sinalizam que a incerteza, em relação à economia brasileira, se consolida em patamar elevado em junho, e deve prosseguir em alta até o fim do ano. Na prática, a incerteza em patamar elevado seria o “novo normal” segundo a economista da fundação, Anna Carolina Gouvea.

Ela fez a observação ao comentar queda de 3,1 pontos na prévia do Indicador de Incerteza da Economia (IIE-BR) de junho, para 187,2 pontos anunciada há pouco pela fundação. Longe de indicar arrefecimento da incerteza em relação à economia brasileira, a queda na prévia do índice em junho evidencia que esse índice mostra média de 188,8 pontos desde a eclosão da pandemia em meados de março, pontuou a técnica.
Ela comentou que, antes da crise, o indicador se posicionava na faixa entre 115 pontos e 120 pontos.
A técnica alertou ainda que o desempenho preliminar do índice de junho pode até sinalizar recuo para o mês – mas lento. Ela comentou que, de abril para maio, a queda no índice foi de 20,2 pontos. Isso porque o indicador subiu tanto logo após o início da pandemia, que houve uma “calibragem”, na pontuação, na passagem para maio – que não eliminou o avanço dos meses de março e abril, bimestre em que o índice subiu 95,4 pontos, devido à atual crise. E, agora, de maio para junho, a queda foi menos intensa, de 3,1 pontos. “O ritmo da queda está diminuindo”, alertou ela, o que favorece manutenção do indicador em patamar elevado, observou.

A especialista comentou que as notícias observadas na conjuntura até o momento não favorecem queda rápida do indicador, nos próximos meses. Os dados de especialistas mostram índice de contaminação por covid-19 ainda elevado. E, mesmo com a flexibilização de reabertura iniciada por algumas cidades, isso na prática não sinaliza retorno robusto do consumo, notou ela. “Tem um vai e vem muito grande nas medidas de reabertura do comércio e isso ajuda a elevar mais ainda incerteza”, comentou a técnica, acrescentando que não há, no momento, plano grande, consistente e coerente, para lidar com a crise da saúde.
Pelo lado da economia, ela comentou que o país vai para o terceiro mês de auxílio emergencial, mas que muitas pessoas não conseguiram o benefício. “Pequenos empresários estão em busca de crédito, mas também não estão conseguindo. Temos também indicadores de mercado de trabalho se deteriorando”, citou.
Para especialista o mais provável, no momento, é que o indicador fique na faixa dos 180 pontos, no curto prazo, com possibilidade de oscilar entre 160 a 170 no fim do ano.

Fonte: Valor Investe, Globo.